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História: O Anschluss e a Desistência da Áustria na Copa do Mundo de 1938

O Anschluss, além de suas repercussões políticas e territoriais, teve impacto direto no mundo do futebol, especialmente na Copa do Mundo de 1938. A Áustria havia se classificado para a Copa após eliminar a Letônia nas eliminatórias europeias, que seria realizado na França, mas desistiu da competição após a anexação do país pela Alemanha nazista. O time austríaco, que era considerado um dos favoritos na época, foi dissolvido, e alguns jogadores foram incorporados à seleção alemã, embora a combinação de ambas as equipes não tenha tido o desempenho esperado. Este é um exemplo claro de como o contexto político interferiu diretamente no cenário esportivo global, frustrando as expectativas dos fãs de futebol e alterando o rumo da competição. Agora, vejamos de forma cronológica como o Anschluss aconteceu e as consequências que trouxe para a Áustria e o mundo.

A Anexação da Áustria pela Alemanha Nazista em 1938

O Anschluss foi um dos momentos-chave na escalada de tensões que culminou na Segunda Guerra Mundial. O termo, que significa “união” em alemão, refere-se à anexação da Áustria pela Alemanha nazista em 12 de março de 1938. Este evento marcou a expansão inicial da Alemanha sob a liderança de Adolf Hitler, que tinha como objetivo a unificação de todos os povos de língua alemã sob o Terceiro Reich. A anexação da Áustria foi o resultado de uma série de fatores políticos, pressões internacionais e uma campanha de intimidação orquestrada por Hitler e seus aliados dentro da própria Áustria. O país estava, na época, governado por Kurt Schuschnigg, um chanceler conservador que tentava manter a independência da Áustria e resistir às influências nazistas, que cresciam dentro de suas fronteiras. Vamos entender melhor o contexto e os eventos que levaram ao Anschluss.

O Contexto Político

Após a Primeira Guerra Mundial, a Áustria se tornou uma república muito menor em termos de território e influência do que o antigo Império Austro-Húngaro. O Tratado de Versalhes e o Tratado de Saint-Germain, assinados após a guerra, proibiram explicitamente a unificação da Alemanha com a Áustria. Contudo, a ideia de “Grosse Deutschland” (Grande Alemanha), ou seja, a unificação de todas as regiões de fala alemã, continuou a ter forte apelo em ambos os países. Com a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha em 1933, essa ambição ganhou força. O regime nazista tinha entre seus principais objetivos a expansão territorial e a criação de um “Reich milenar”, que incluía, inevitavelmente, a absorção da Áustria.

A Crise Política e o Referendo Adiado

No início de 1938, a Áustria estava sob intensa pressão política da Alemanha nazista. Hitler apoiava grupos nazistas dentro da Áustria que desejavam a unificação. O governo austríaco, liderado por Schuschnigg, tentou resistir à crescente influência alemã, mas encontrava-se cada vez mais isolado, sem apoio efetivo das potências europeias, como a França e o Reino Unido. Em uma tentativa desesperada de manter a independência, Schuschnigg convocou um plebiscito para o dia 13 de março de 1938, no qual o povo austríaco decidiria se queria manter o status de país independente. Hitler, no entanto, não quis correr o risco de perder o plebiscito, que poderia comprometer seus planos de anexação. Em resposta, ele exigiu a renúncia de Schuschnigg e o cancelamento do referendo, ameaçando invadir o país.

A Anexação e a Entrada das Tropas

Em 11 de março de 1938, Schuschnigg, sem escolha, renunciou ao cargo, e o poder foi entregue a Arthur Seyss-Inquart, um simpatizante nazista. No dia seguinte, em 12 de março, tropas alemãs cruzaram a fronteira austríaca sem resistência, recebidas com entusiasmo por muitos cidadãos austríacos. Hitler chegou em Viena pouco depois, sendo saudado por grandes multidões. No dia 13 de março, foi oficialmente proclamada a unificação da Áustria com a Alemanha. O país foi integrado ao Terceiro Reich como a província de “Ostmark”. Um novo referendo foi organizado em abril de 1938, sob intensa propaganda nazista e sem condições justas de voto. O resultado foi uma vitória esmagadora para o Anschluss, com 99,7% dos votos a favor, um número amplamente considerado manipulado.

Consequências do Anschluss

A anexação da Áustria teve profundas consequências tanto para o país quanto para a Europa como um todo. A independência austríaca foi suprimida, e a nação foi totalmente incorporada ao sistema totalitário nazista. Muitos dos que resistiram ao Anschluss ou eram considerados inimigos do regime, incluindo judeus, comunistas e intelectuais, foram perseguidos e presos. Do ponto de vista internacional, o Anschluss foi uma violação flagrante dos tratados pós-Primeira Guerra Mundial, como o Tratado de Versalhes e o Tratado de Saint-Germain. A reação internacional, no entanto, foi fraca. As potências europeias, como França e Reino Unido, adotaram uma política de apaziguamento, esperando que concessões a Hitler evitassem uma guerra maior. Esse cálculo se mostraria desastroso, pois o Anschluss foi apenas o primeiro de uma série de movimentos expansionistas da Alemanha nazista, que culminariam na eclosão da Segunda Guerra Mundial em 1939.

O Legado do Anschluss

O Anschluss ainda é um evento sensível na história da Áustria. Após a Segunda Guerra Mundial, a Áustria se distanciou do regime nazista e se apresentou como a “primeira vítima” da agressão hitlerista. Contudo, a realidade é mais complexa, pois muitos austríacos apoiaram ativamente o regime nazista, tanto durante quanto após a anexação. Hoje, o Anschluss é lembrado como um marco na tragédia que foi a ascensão do nazismo na Europa, simbolizando a falha das democracias europeias em conter as ambições expansionistas de Hitler e o início do caminho para a guerra global.

1 thought on “História: O Anschluss e a Desistência da Áustria na Copa do Mundo de 1938”

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